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RENT A CAR - CRISE EM 2010 E 2011
Press Release ARAC 2010
Dr. Joaquim Robalo de Almeida (Secretário-Geral da ARAC)


RENT-A-CAR – CRISE EM 2009 e 2010

A actividade de aluguer de automóveis sem condutor em regime de curta duração (rent-a-car) em 2009 continuou marcada pela crise que vinha do ano anterior num cenário nunca visto nos últimos 30 anos.

No final de 2008 manifestámos a nossa grande preocupação em face da greve crise que se acabava de instalar nos mercados e na economia a nível mundial.

Chegados ao fim de 2009, não só confirmamos o avanço da crise instalada, com a qual somos obrigados a conviver, como ainda estamos em crer que tendo em conta as previsões da OMT – Organização Mundial do Turismo para Portugal e o débil estado em que se encontra a economia nacional, os ventos que aí vêm são de tormenta.

Vivemos hoje numa época em que tudo sucede a uma velocidade vertiginosa e em que o tempo de reacção é decisivo para que se alcance um lugar de relevo no mundo ou para que se retroceda numa dimensão que seria impensável há pouco anos atrás.

Quando o mundo ocidental pensava encontrar-se na senda do progresso, eis que surge a maior crise do século, com paralelo apenas com a grande depressão da década de trinta do século passado.

A situação actual exige novas diplomacias, tendo a crise financeira em que ainda nos encontramos posto em dúvida os fundamentos morais e éticos do mundo dos negócios.

Em Portugal, os efeitos da actual crise vieram expor de uma forma dura as debilidades do nosso sistema, as quais se vinham arrastando há vários anos.

Contudo não existe tempo para chorar sobre o “leite derramado” e urge arregaçar as mangas e colocar o país na linha da recuperação e do progresso.

Portugal como cada um dos países terá de aguentar o impacto da crise e preparar o futuro.

Não há dúvida de que o Governo português actuou de uma forma célere na adopção de medidas anticrise e que foram desde o aval do Estado á banca privada, ás linhas de crédito de apoio às PME’s, a par de uma mais rápida regularização das dívidas do sector público às empresas o que constituiu seguramente uma forma eficaz de injecção de liquidez na economia.

Apesar de uma muito ligeira retoma conjuntural da economia, persiste uma grande preocupação com o potencial de crescimento da economia nacional, o qual decresceu de forma significativa pelo efeito da actual crise. No entanto o crescimento do potencial da economia portuguesa é fundamental para reduzir o desequilíbrio externo do país.

Contudo a elevação do potencial de crescimento económico de Portugal só é possível através do aumento da competitividade e da produtividade das empresas nacionais, sobretudo dos sectores mais abertos á concorrência internacional como é o caso do Turismo.

Do lado das empresas, será determinante em 2010 o alargamento da nossa base exportadora e a procura de novos mercados que valorizem o turismo português, pelo que desde já se reforça o pedido ás entidades promotoras do turismo nacional no sentido da criação de grandes campanhas de promoção do destino Portugal.

Melhorar os estudos de mercado e o intercâmbio de prática idóneas, defender a inclusão prioritária do turismo nas medidas gerais de estimulação da economia, e promover o turismo como a nova “economia verde”, são algumas das propostas da Organização Mundial do Turismo para que o sector possa responder da melhor forma aos tempos difíceis que se vivem.

Em Portugal deveremos investir em todo o nosso património turístico, desde o sol e praia ao turismo de cidade, passando pelo turismo de natureza e o turismo religioso, devendo a promoção turística em Portugal consistir num verdadeiro plano estratégico a médio prazo.

A ARAC entende que se está a caminhar no sentido certo e reconhece os esforços de trabalho conjunto para promover a marca Portugal. No entanto, continuamos com muito trabalho por fazer, não podendo por isso abrandar-se a marcha, sob pena de sermos ultrapassados por outros parceiros europeus, nomeadamente os países de leste.

Portugal é um destino turístico pelas qualidades que tem enquanto país. É por isso importante melhorar a linha estratégica, para que avancemos de forma rápida e consolidada na dinamização do Turismo em Portugal, à semelhança do que se passa em Espanha, onde o turismo é efectivamente considerado como um motor da economia, apesar de não ser o único. Em Portugal, com uma economia fortemente aberta e dependente do exterior, deveria dar-se ainda uma maior importância ao Turismo.

A actividade de aluguer de automóveis sem condutor (rent-a-car) é um sector com grande significado para a economia portuguesa e especial para o Turismo, representando em grande parte o produto turístico nacional, pois não podemos esquecer que é o primeiro e o último produto turístico utilizado por quem nos visita.

A ARAC continua de uma forma constante a chamar a atenção dos mais altos responsáveis pela governação do país para os problemas que afectam o rent-a-car, no sentido de dotar o sector com as mesmas armas concorrenciais que possuem os nossos parceiros europeus em particular a vizinha Espanha.

O aluguer de automóveis sem condutor enfrenta actualmente graves problemas conjunturais que exigem uma actuação efectiva, no sentido de lutar por medidas que permitam ao sector retomar o crescimento.

Obter novos financiamentos para manter ou expandir o negócio e a renovação de frota tornou-se uma preocupação das empresas de rent-a-car no ano que findou. O sector enfrenta já a sua maior crise de sempre. Faltam financiamentos e os juros altos (devido ao aumento dos spreads) impedem os investimentos na renovação das frotas das empresas.

Todas as medidas que possam contribuir para aumentar a procura e diminuir os custos são essenciais para o futuro do crescimento do sector.

É fundamental, promover medidas de conjunto que permitam a renovação e inovação do sector, bem como estimular a cooperação entre os vários modos de transporte e os vários parceiros turísticos. Neste sentido, uma rede transeuropeia de transportes, com critérios claros e incentivos adequados, poderá contribuir para a muito importante co-modalidade, ou seja, para o uso optimizado de todos os meios de transporte, individualmente ou em combinação, através da facilitação da passagem de um modo de transporte a outro.

O rent-a-car em Portugal registou um decréscimo significativo da actividade, devido a grande quebra da procura e ao aumento significativo dos custos de frota que subiram em 2009 cerca de 30%, o que levou as empresas a terem de adequar de forma estreita a oferta à procura, situação que levou em situações de pico à falta temporária de viaturas para aluguer.

Ao nível europeu e segundo informação recolhida junto das associações dos vários países (uma vez que a informação disponibilizada pela LEASEUROPE sobre este sector se encontra incompleta e desactualizada) revelam-nos números de grande desalento declarando uma quebra de cerca 15% em 2008, devendo em 2009 assistir-se a um panorama igualmente desolador.

Para reagir a esta crise o sector de aluguer de veículos sem condutor em regime de curta duração (rent-a-car) tem na Europa, como em Portugal procedido a um ajustamento da frota de forma rigorosa e procedido a uma melhor rentabilização das frotas existentes, aumentando o rácio de ocupação das viaturas, também estas passando a permanecer mais tempo em frota (actualmente cerca de 18 meses contra os 12 meses do passado).

Face a este panorama e com vista à recuperação do sector de rent-a-car torna-se necessária uma recuperação da economia mundial no mais curto espaço de tempo, a atribuição de apoios comunitários às empresas do sector (o que já está a acontecer, mas de forma muito ténue, pois o programa de apoio não se encontra adequado ás necessidades do sector), bem como uma alteração da fiscalidade de forma a tornar estas empresas mais competitivas.

Reconhecendo que foi dado em 2008 um importante passo na direcção justa de uma fiscalidade neutra e economicamente fundada, tem todavia de sublinhar-se que a persistência do ISV – posto que reduzido a metade no valor de aquisição dos veículos automóveis explorados pelas nossas empresas continua a não ter justificação e a constituir um encargo susceptível de acrescido aos demais factores de crise com que a indústria de aluguer de veículos sem condutor já defronta, afecta gravemente a posição concorrencial das empresas portuguesas em face sobretudo das suas congéneres do país vizinho, onde o sector tem isenção total do imposto de matrícula (equivalente ao nosso ISV).

Há pois que planear o futuro e procurar novas soluções.

Nos próximos 10 anos prevê-se um aumento do tráfego de passageiros em transportes aéreos, o que se traduzirá sem dúvida alguma também num aumento da actividade de rent-a-car entre os 27 Estados membros da União Europeia.

Assim, todas as medidas que possam contribuir para aumentar a procura e diminuir os custos são essenciais para o futuro do crescimento do sector.

Em síntese, todos nós deveremos estar preparados para um 2010 que não será nada fácil, como aliás sucedeu em 2009, não podendo no entanto ser um ano para baixar os braços.

Não devem os empresários desistir dos investimentos para o futuro. Importa que os analisem com cuidado, não deixando de fazer aqueles que sejam economicamente rentáveis, pois não podemos esquecer que nos momentos difíceis também há oportunidades.

Vamos encarar o próximo ano que será com toda a certeza um ano difícil.

Vamos passar a uma atitude pró-activa e positiva, vamos ser optimistas, perseverantes, empenhados e profissionais.

Só desta forma poderemos começar a ultrapassar a crise estrutural há muito tempo instalada na nossa economia e convergirmos verdadeiramente, de forma efectiva e sustentada com a União Europeia.

Vamos considerar, que os maus tempos não são para sempre e que depois da tempestade vem a bonança e melhores tempos virão certamente.

Lisboa, 26 de Janeiro de 2010

Joaquim Robalo de Almeida

Secretário-Geral