Notícias



"Setembro negro" na venda de automóveis ligeiros por culpa das emissões
Jornal de Negocios


Se em Agosto a antecipação de compras de automóveis levou a uma invulgar subida de 31,2% nas vendas de ligeiros de passageiros na União Europeia (UE), Setembro trouxe o reverso da medalha: as vendas sofreram uma quebra de 23,5% face a igual mês de 2017, segundo os dados divulgados quarta-feira pela Associação de Construtores Europeus de Automóveis (ACEA).

Na base destas variações está a entrada em vigor do protocolo de medição de emissões poluentes WLTP, que eleva, em média, em 21% o valor medido das emissões de dióxido de carbono (CO2) face ao anterior ciclo de ensaios (NEDC), segundo estudos reconhecidos pela Comissão Europeia. Uma vez que a componente ambiental pesa na carga fiscal que incide sobre os veículos, os consumidores temeram uma subida acentuada dos preços.

Entre os 28 Estados-membros, as vendas apenas aumentaram em dois países em Setembro. Bulgária e Croácia, com subidas de 8,5% e 3,3%, respectivamente, foram as excepções num "Setembro negro".

As maiores quebras nas vendas foram observadas na Roménia
(-73,4%), Áustria (-41,8%) e Suécia (-39,7%). Em Portugal, que adoptou um regime transitório até ao final do ano, a descida nas vendas cifrou-se em 14%.

Nos quatro grandes mercados, o Reino Unido registou um decréscimo de 20,5%, a Alemanha sofreu uma quebra de 30,5%, a França viu as vendas baixarem 12,8% e a Itália contabilizou uma descida de 25,4%.

Vendas acumuladas sobem
Apesar da queda de Setembro, as vendas de ligeiros de passageiros na União Europeia aumentaram 2,5% nos primeiros nove meses do ano, superando os 11,9 milhões de veículos.

Em termos acumulados, os países com maiores subidas nas vendas são a Roménia (31,5%), Lituânia (27%) e Hungria (26,5%). O mercado português cresceu 6,5% nos primeiros nove meses do ano.

Já entre os principais mercados, as tendências divergem: a Alemanha subiu as vendas em 2,4%, o Reino Unido registou um decréscimo de 7,5%, a França aumentou as vendas em 6,5% e em Itália a quebra situou-se em 2,8%.

Estes quatro países representam, entre Janeiro e Setembro, mais de 7,7 milhões de automóveis vendidos , o que se traduz em 64,7% das vendas no conjunto da União Europeia.

PSA ultrapassa VW e lidera vendas

As quebras nas vendas afectaram de forma diferente os vários grupos de fabricantes automóveis, ditando uma inédita liderança nas vendas do mês do grupo PSA, liderado pelo português Carlos Tavares. O Grupo Volkswagen (VW), que agrupa as marcas Volkswagen, Audi, Seat, Skoda, Porsche, Bentley e Lamborghini, viu as vendas encolherem 48%. Já o Grupo PSA (Peugeot, Citroën, DS e Opel/Vauxhall) sofreu uma queda de apenas 7,7%. E a liderança por marcas também mudou: a Volkswagen foi ultrapassada pela Opel/Vauxhall, BMW e Mercedes, caindo do primeiro para o quarto lugar. Em Setembro de 2017, a Volkswagen vendeu 152.826 unidades, agora ficou pelas 73.010, atrás das 80.715 da Opel, das 78.248 da BMW e das 78.084 da Mercedes.