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Theresa May e UE chegam a acordo sobre Brexit — ministros já foram chamados para discutirem o documento
Observador


O acordo técnico ainda não foi confirmado oficialmente quer por Londres quer por Bruxelas, mas Downing Street já reconheceu que haverá um Conselho de Ministros extraordinário nesta quarta-feira, às 14h. May prepara-se para convencer os seus ministros, o primeiro desafio que terá de enfrentar para avançar com este acordo, antes de ele poder ser confirmado pelos Estados-membros da UE e depois pela Câmara dos Comuns britânica.

Problema da fronteira nas Irlandas pode ser solucionado com acordo de comércio

De acordo com o jornalista Tony Connely, da RTE, o documento acordado prevê uma resolução para o problema da fronteira entre as duas Irlandas (que, para respeitar o Acordo de Paz, não pode criar uma fronteira rígida entre as duas regiões): um acordo de comércio entre o Reino Unido e a UE, a nível nacional, que preveja termos “mais profundos” no que diz respeito à Irlanda do Norte. Uma fonte presente nas negociações declarou mesmo ao jornalista que o acordo é “o mais estável que podia ser”.

Os negociadores do Governo britânico e da União Europeia chegaram a um entendimento sobre o Brexit,que resolve o problema da fronteira na Irlanda do Norte, numa reunião esta terça-feira, segundo avançam várias fontes aos media britânicos.

O documento com o texto acordado será agora discutido num Conselho de Ministros de emergência, marcado para esta quarta-feira. A primeira-ministra Theresa May espera que o acordo seja agora validado pelos seus ministros. Se tal acontecer, o acordo poderá depois ser finalizado na próxima cimeira europeia e depois votado pelo Parlamento britânico e pelo Parlamento Europeu, a fim de estar em vigor antes da data oficial do Brexit, marcada para 29 de março.

Resta saber se os ministros de May irão agora aceitar as mais de 400 páginas do acordo negociado. No passado, May também apresentou propostas que levaram à demissão de ministros do seu próprio Executivo, como Boris Johnson e Michael Gove. Para além da possível resistência dos seus ministros mais eurocéticos,May terá ainda de convencer o Partido Unionista Irlandês (DUP no original), de quem depende na Câmara dos Comuns. Embora o DUP seja aliado do Governo, tem feito algumas exigências na questão da fronteira irlandesa.

Esta terça-feira, membros do DUP reagiram de imediato, explicando que apesar de ainda não terem visto o documento em causa, consideram difícil apoiar um acordo que esteja em linha com o que tem sido falado. Também o Governo irlandês declarou oficialmente, através de um porta-voz, que as negociações “ainda decorrem”. “Não vamos comentar mais fugas que surgem na imprensa”, disse o porta-voz do vice-primeiro-ministro irlandês, Simon Coveney.

O busílis está na criação de um chamado backstop, uma espécie de rede de segurança que deixasse a fronteira entre as duas Irlandas numa situação diferenciada do resto da fronteira do Reino Unido, depois deste abandonar a União Europeia. O problema é que tem havido grandes divergências sobre a forma que essa rede de segurança deve ter: Bruxelas tem defendido que a Irlanda do Norte seja incluída numa zona de comércio livre, como o resto da Irlanda, mas os unionistas opõem-se fortemente a isso, defendendo um regime igual para todo o Reino Unido.

Segundo a televisão irlandesa RTÉ, a solução encontrada nestes últimos dias terá sido a de propor um backstop para todo o país, através de um acordo comercial UE-Reino Unido temporário, com regras mais específicas para a fronteira entre as duas Irlandas. Resta saber se os ministros mais eurocéticos aceitarão uma solução desse tipo, bem como o DUP.

BBC acrescenta ainda que os embaixadores dos restantes 27 países da UE se reunirão também esta quarta-feira, em Bruxelas.