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Radares que registam velocidade média na estrada já em 2021
JORNAL DE NOTÍCIAS


A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) vai iniciar, ainda este ano, a compra de 30 radares, dez dos quais vão medir a velocidade média a que os veículos percorrem um determinado troço de estrada. A aquisição implica um concurso internacional e o presidente da ANSR, Rui Ribeiro, já admitiu que os primeiros estejam a funcionar no final de 2021. Estes radares, dizem peritos em segurança rodoviária, são um poderoso instrumento contra o excesso de velocidade.

O reforço da Rede de Fiscalização Automática de Velocidade (Sincro) já tinha sido anunciado há um ano, mas só este verão foi autorizado pelo Governo. Hoje, há 40 radares: 30 comprados em 2016, que se distribuem por 50 cabinas, e dez integrados no ano passado, incluindo oito na VCI do Porto.

Todos medem a velocidade do veículo quando passa pelo radar (instantânea), mas não impedem o "efeito canguru", em que os condutores abrandam antes do radar e aceleram depois. Além disso, ajudam a baixar a velocidade num local de grande concentração de acidentes, mas não quando acontecem num troço relativamente longo. É nessas situações que os dez novos aparelhos vão atuar, disse a ANSR, ao JN.

UM NOVO SINAL DE TRÂNSITO

A Reta do Cabo, Vila Franca de Xira, será um dos 20 locais onde serão instaladas cabinas para medir a velocidade média. Os dez radares de velocidade média vão rodar por esses 20 locais. A ANSR esclareceu que "dez estarão permanentemente ativos e outros dez estarão em stand-by". O condutor não saberá que cabinas têm, na altura, um radar, mas será avisado da aproximação de uma zona de velocidade controlada, pelo sinal de trânsito H42.

Quando encontrar o sinal, saberá que um radar vai anotar a hora a que entra no troço controlado e, após alguns quilómetros, outro radar anotará a hora de saída. Se percorreu a distância em menos tempo do que o mínimo necessário para cumprir o limite de velocidade, considera-se que ultrapassou esse limite [ver infografia na página seguinte]. O Código da Estrada indica que a infração é cometida no final do troço.

Daqui em diante, o procedimento é igual ao seguido pelos radares que medem a velocidade instantânea. Se o veículo for de uma pessoa, o sistema envia a coima para casa do proprietário, de forma automática.

APARELHOS EM VIAS RÁPIDAS

Os novos radares são eficazes no controlo da velocidade, concordam Manuel João Ramos (Associação dos Cidadãos Automobilizados), José Miguel Trigoso (Prevenção Rodoviária Portuguesa), João Dias (Instituto Superior Técnico) e Nuno Salpico (Observatório de Segurança das Estradas e Cidades).

Os peritos alertam para o facto de a sinistralidade grave ser mais frequente nas localidades, onde os radares não se aplicam. E salientam a importância de corrigir os erros de conceção de estradas, que potenciam a sinistralidade.

Na operação "Viajar sem pressa", de 13 a 19 de agosto, a GNR controlou quase 208 mil veículos e constatou que 2,2% (4585) seguiam em excesso de velocidade. A semana terminou com 1528 acidentes, sete mortos e 27 feridos graves.