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Novos confinamentos poderão agudizar quebra do tráfego aéreo
Dinheiro Vivo


Europa está a enfrentar uma nova vaga da pandemia de covid-19 e, um pouco por todo o continente, os governos apertam as restrições. A aviação civil foi, ao longo do ano de 2020, um dos setores mais afetados e, no primeiro mês de 2021, essa realidade não deverá alterar-se muito.

Os números da Eurocontrol, organização europeia para a Segurança da Navegação Aérea, ilustram o que se passa nos céus europeus: de 1 a 13 de janeiro deste ano, o tráfego aéreo estava 61% abaixo do registado no mesmo período de 2019, ou seja, no ano pré-pandémico. E a expectativa é que, neste arranque do ano, as viagens continuem abaixo dos níveis registados antes da pandemia.

No relatório, publicado no passado dia 14, a Eurocontrol afirmava: "É esperado a diminuir devido à renovação de confinamentos em muitos países europeus", como é o caso da Alemanha e França, dois países que contam com importantes comunidades portuguesas.

O Natal e a Passagem do Ano são tipicamente épocas que levam muitos a viajar quer por motivos de lazer quer para passar as festividades em família. Apesar das restrições aplicadas à escala europeia devido à pandemia, a evolução registada nos primeiros dias de janeiro deverão refletir o regresso aos locais de residência de muitos que viajaram no período natalício.

Dados divulgados ontem por este organismo pan-europeu na rede social Twitter, relativos à segunda semana de janeiro (11 a 17 de janeiro), indicam que o número total de voos na rede Eurocontrol (38 países) foi de 63 584 ligações. A diferença para o mesmo período de 2019 é de 114 825 voos.

Restrições acidionais
Olhando para as principais companhias aéreas, em média, por dia, a Turkish Airlines realizou 563 voos, a Air France 413. Todas as outras registaram menos de 300 voos diários. A TAP registou, em média, por dia, 89 voos. A easyJet 82.

Questionada pelo DN/Dinheiro Vivo sobre a evolução da operação desde o início do ano, a easyJet explica que "embora já tenha ajustado as suas operações de inverno, de forma a fazer face à redução da procura decorrente da pandemia, como todas as companhias aéreas que operam de e para Portugal, as restrições nas viagens continuam a ter impacto nas operações".

Na semana passada, o Reino Unido proibiu voos a partir de Portugal devido à chamada variante brasileira do novo coronavírus. As autoridades britânicas justificaram a decisão "devido aos laços fortes com o Brasil, funcionando como mais uma forma de reduzir o risco de importação de infeções". A companhia easyJet garante que continua a oferecer aos "passageiros a opção de mudar para outro voo gratuitamente, solicitar um voucher ou um reembolso".

A pandemia levou o tráfego aéreo em Portugal a recuar mais de 20 anos. No ano passado, a NAV, empresa que controla o tráfego aéreo em Portugal, geriu 345,3 mil voos, uma quebra de 58% face a 2019, o que "representa o pior registo desde 1998, ano em que o controlo de tráfego aéreo geriu 357 mil voos".

A gestora do tráfego aéreo diz ainda que, desde 1998, "o total de movimentos controlados pela NAV manteve-se em crescimento praticamente constante até ao máximo registado em 2019, quando controlou 816 mil voos".

Um ano de perdas
Janeiro e fevereiro de 2020 foram meses que tiveram crescimentos tanto ao nível de hóspedes, como de dormidas, e por isso, os dados do tráfego foram, nota a NAV, "normais", com a empresa a contabilizar "os mesmos 119 mil movimentos registados em janeiro e fevereiro de 2019". Março foi, contudo, já um mês de mudança. A covid-19 foi declarada como uma pandemia e, um pouco por toda a Europa, os países começaram a implementar várias medidas restritivas, inclusivamente, o fecho de fronteiras.

As companhias aéreas começaram por cancelar milhares de voos até que acabaram por deixar em terra quase todas as suas aeronaves, acumulando prejuízos de vários milhões de euros. Apesar de terem retomado alguma operação a partir do verão, os voos realizados pelas transportadoras fixaram-se em níveis muito inferiores aos de 2019.

Os dados mostram que a NAV geriu menos 94% dos voos em abril de 2020, menos 92% dos voos em maio e menos 88% dos voos em junho, comparando com o período homólogo. "Ao longo do verão, o tráfego registou ligeiras melhorias, "estabilizando" em níveis equivalentes a -55% em relação ao mesmo período de 2019, mas os últimos meses do ano ficaram marcados por nova deterioração, tendência que se mantém nestes primeiros dias de 2021", explica a empresa em comunicado.

Em relação a novembro, o Instituto Nacional de Estatística indicou ontem que passaram pelos aeroportos nacionais 715 mil passageiros, menos 82,1% face há um ano antes.