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Bruxelas avisa que "os contratempos estão a aumentar"
JORNAL DE NEGÓCIOS


A Comissão Europeia apresenta esta quarta-feira as suas orientações sobre a política orçamental para os Estados-membros. Paolo Gentiloni, comissário para a Economia, reafirmou que a recuperação está em curso, mas que há mais "contratempos."
Apesar da forte recuperação económica prevista para a União Europeia, "os contratempos estão a aumentar", avisou esta quarta-feira, 24 de novembro, o comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, na apresentação do Pacote de Outono do Semestre Europeu. O responsável assegurou que a recuperação económica da União Europeia está em curso, mas avisou que os níveis de incerteza são agora maiores.O primerio é a pandemia de covid-19 e a reintrodução de restrições num número crescente de Estados-membros, dado o aumento de infeções de SARS-CoV-2. "Estes desenvolvimentos terão certamente um impacto na nossa economia, sobretudo nos serviços de contacto intensivo", afirmou o comissário. No entanto, Paolo Gentiloni ressalvou que não espera "o mesmo impacto na atividade económica" dos confinamentos do inverno passado.O segundo contratempo está relacionado com a inflação, que "se espera que deve subir nos próximos meses", embora a um ritmo diferente consoante os Estados-membros, "antes de começar a descer no próximo ano". E o terceiro, frisou, passa pelos constrangimentos nas cadeias de abastecimento, "que estão a pesar em vários setores", como a produção automóvel."Em suma, recuperação forte, incerteza elevada", sublinhou Paolo Gentiloni.É nesse contexto que a Comissão Europeia apresentou hoje as suas recomendações sobre a política orçamental dos Estados-membros, no âmbito do Semestre Europeu. "Em primeiro lugar devem estar políticas que lancem efetivamente a recuperação", defendeu o comissário europeu. E, nesse sentido, o executivo comunitário vê "resultados positivos" na avaliação que fez aos esboços orçamentais dos Estados-membros (à exceção de Portugal,dado o chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022)."Todos os Estados-membros altamente endividados usaram os programas de Recuperação e Resiliência (PRR) para financiar investimento adicional para apoiar a recuperação e quase todos os Estados-membros com níveis de dívida baixos ou médios avançaram com medidas de apoio", descreveu. Apesar disso, o crescimento da despesa corrente financiada por fundos nacionais também está a contribuir um aumento do défice. "Por isso apelamos a uma execução orçamental prudente", afirmou Gentiloni. E deu caso de Itália, onde isso acontece mesmo com o elevado nível de dívida pública."No geral, a política orçamental da zona euro deverá ser expansionista entre 2020 e 2022. E o rácio do investimento do PIB em 2020 deve ser mais elevado do que no pré-crise. Isto contrasta com a tendência de queda dos últimos sete anos após a grande crise financeira", afirmou Gentiloni.