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De olhos postos na reunião da Fed, BCE afasta para já aperto na política monetária
JORNAL DE NEGÓCIOS


Enquanto a Reserva Federal dos Estados Unidos debate a subida antecipada das taxas de juro, o Banco Central Europeu (BCE) veio esta quarta-feira acalmar os ânimos na Europa. A autoridade monetária garante que não precisa de reduzir já as políticas acomodatícias e reitera que a inflação deverá recuar em breve.

A garantia foi dada pelo governador do banco central da Lituânia, Gediminas Šimkus, numa entrevista à Bloomberg. O economista lituano considera que a política monetária da zona euro não pode ser comparada com a dos Estados Unidos "porque a situação económica é diferente" e, por isso, o caminho a seguir será também diferente.
Isso significa que um aumento das taxas de juro na zona euro é, para já, uma hipótese descartada pelo BCE, em contramão com a Fed, que se prepara subir os juros para conter a subida da inflação. A concretizar-se, seráa primeira subida desde 2018. Além disso, estão ainda previstos outros dois aumentos para este ano.
"Há incerteza atualmente e concordo que isso se agravou", afirmou Gediminas Šimkus. "Mas não há factos evidentes que mostrem que as projeções que temos tenham mudado tão substancialmente que devamos começar já a discutir se a perspectiva de inflação subiu muito lá do nosso objetivo de 2%".

A pressão para que o BCE aumente as taxas de juro agravou-se depois de a inflação nos países que aderiram à moeda comum europeia ter atingido um recorde de 5% em dezembro.O valor mais elevado foi verificado na Estónia, que chegou a registar uma taxa de inflação de 12% no mês passado.

Inflação está "alinhada" com projeções mas "riscos aumentaram"
Gediminas Šimkus insiste que a evolução da inflação está "mais ou menos alinhada" com as projeções do BCE, mesmo que os riscos tenham "aumentado". Considera, por isso, que não há necessidade de atualizar os planos da autoridade monetária europeia, que conta começar a desacelerar a compra de ativos ainda este ano.
O governador do banco lituano garante, no entanto, que o BCE "está pronto a agir caso o ambiente económico se altere" significativamente, mas que se "abstém" de colocar um prazo temporal no encerramento do programa de compra de ativos bem como no aumento dos custos dos empréstimos.

O economista de 43 anos (o membro mais jovem do Conselho de Governadores de 25 membros do BCE) alerta ainda que "é cada vez mais difícil avaliar adequadamente" as perspectivas económicas, tendo em conta a incerteza provocada pelas tensões entre a Ucrânia e a Rússia às portas da Europa e a evolução da ómicron.