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Euler Hermes vê Portugal a crescer 5,1% em 2022, acima da média da zona euro
JORNAL DE NEGÓCIOS


Previsões económicas anuais da seguradora apontam que o ritmo de recuperação da economia portuguesa em 2022 fique "um ponto percentual" acima da média dos países da moeda única. Inflação deverá continuar a crescer devido a disrupções nas cadeias de abastecimento.
A economia portuguesa poderá crescer 5,1% este ano, de acordo com a seguradora francesa Euler Hermes, que é acionista da Cosec– Companhia de seguro de créditos. As previsões económicas anuais da empresa apontam para um ritmo de recuperação da economia portuguesa "um ponto percentual" acima da média da zona euro.

Depois da "forte contração" de 8,4% registada em 2020 (a maior desde 1954), a Euler Hermes dá conta de que a economia portuguesa "tem crescido mais do que outras economias da zona euro". Face a isso, prevê que a economia nacional continue a ultrapassar os pares europeus este ano, que deverão registar em média um crescimento de 4,1%.
"Antecipamos que a tendência de recuperação se mantenha à medida que são levantadas de forma gradual as restrições associadas à covid-19", explica Ana Boata, Global Head of Macroeconomic and Sector Research da Euler Hermes, em comunicado, destacando que a dependência da economia portuguesa em relação ao turismo "deverá manter os níveis das exportações de bens e serviços ainda abaixo dos registados pré-pandemia".

A nível mundial, a Euler Hermes prevê também um crescimento económico robusto, com o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos a atingir os 3,9% este ano e a China a crescer 5,2%.

Mas adivergência entre economias desenvolvidas e economias emergentes deverá também aumentar. Enquanto as economias desenvolvidas irão continuar a ser responsáveis por mais de metade do crescimento global (com uma subida de 2,2 pontos percentuais), os mercados emergentes "ficarão estagnados pela primeira vez desde a crise financeira global", alerta aacionista daCosec.

Já os preços ao consumidor deverão continuar a subir devido às "disrupções nas cadeias de abastecimento originadas, nomeadamente, pelos défices de produção da China, que podem representar um terço do valor global da subida dos preços – entre 1,5 e 2 pontos percentuais na zona euro, nos Estados Unidos e no Reino Unido".

Comércio global mantém recuperação
A variante ómicron deverá continuar a impactar as cadeias de distribuição e contribuir para manter elevada a pressão sobre os preços das mercadorias. Segundo as previsões da Euler Hermes, o comércio global deverá crescer 5,4% este ano e 4% em 2023, devendo manter-se "alguma instabilidade devido aos desequilíbrios entre a oferta e a procura".

Os setores com "baixas ou nulas possibilidades de teletrabalho" serão os mais afetados por essa instabilidade durante os "próximos dois a quatro meses", antecipam os economistas da Euler Hermes.

A "normalização" das trocas comerciais a nível global deverá ter lugar na segunda metade do ano, impulsionada pelo abrandamento das dificuldades de fornecimento de bens intermédios, como matérias-primas ou bens manufaturados, e a redução dos prazos de entrega de mercadorias, "à medida que cresce a capacidade de expedição".

A ajudar ainda à "normalização" das trocas comerciais estará ainda a "redução dos gastos dos consumidores com bens de consumo duráveis, acompanhada por uma mudança dos hábitos de compra com foco em produtos sustentáveis"