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INE: APÓS CONTRAÇÃO DE 44,5% EM 2020, VAB GERADO PELO TURISMO AUMENTA 27,3% EM 2021
AMBITUR


A estimativa preliminar daConta Satélite do Turismo para 2021, aponta para um aumento nominal de 27,3% doValor Acrescentado Bruto gerado pelo Turismo (VABGT)face a 2020, segundo revela oINE. O VABGT representou 5,8% do VAB nacional (4,8% em 2020), situando-se ainda 2,3 p.p. abaixo de 2019 (em que representou 8,1% do VAB da economia). O Consumo de Turismo no Território Económico (CTTE) foi equivalente a 10,1% do PIB (8,4% em 2020), mas 5,2 p.p. inferior ao nível de 2019.

Aplicando o Sistema Integrado de Matrizes Simétricas Input-Output de 2017 aos principais resultados da Conta Satélite do Turismo, estima-se que a atividade turística tenha gerado um contributo direto e indireto de 16,8 mil milhões de euros para o PIB em 2021, o que corresponde a 8,0% (6,6% em 2020 e 11,8% em 2019). Estes resultados traduziram-se num contributo de cerca de 2/3 para a redução em volume do PIB em 2020, e em pouco mais de 1/3 para a sua recuperação em 2021.

O INE apresenta a estimativa preliminar da Conta Satélite do Turismo (CST) para 2021, para quatro agregados principais: o Consumo do Turismo no Território Económico (CTTE) e, com recurso ao sistema de matrizes Input-Output, o Valor Acrescentado Bruto gerado pelo Turismo (VABGT), o VAB total e o PIB total do turismo.

Divulgam-se igualmente resultados provisórios da CST para 2020 (para os quatro agregados principais), bem como os resultados definitivos da CST para 2019.

1. Em 2021, o VAB (direto) gerado pelo turismo aumentou 27,3%, atingindo 5,8% do VAB nacional

O VABGT totalizou 10 671 milhões de euros em 2021 e representou 5,8% do VAB nacional (4,8% em 2020), situando-se ainda 2,3 p.p. abaixo de 2019, em que representou 8,1%. O CTTE cifrou-se em 21 334 milhões de euros, o equivalente a 10,1% do PIB (8,4% no ano anterior e 15,3% em 2019).

O VABGT e o CTTE registaram aumentos nominais de 27,3% em 2021 face a 2020, ano de contração sem precedente da atividade turística, tendo aqueles agregados diminuído 44,5% e 49,1% respetivamente. O VABGT e o CTTE aumentaram de forma mais acentuada que o VAB e o PIB nacionais (variações nominais de 4,7% e 5,6%, respetivamente).

Apesar da recuperação observada face a 2020, em 2021 os valores do VABGT e do CTTE situaram-se abaixo dos níveis de 2019, sendo mesmo inferiores aos de 2016 (primeiro ano da base 2016 da CST).

Em 2021, quer as importações, quer as exportações de turismo observaram um aumento próximo de 30%, face ao ano anterior. Contudo, os valores foram ainda inferiores aos registados em 2019: -31,0% no caso das importações e -45,6% no caso das exportações.

2. Em 2019, o emprego nas atividades caraterísticas do turismo aumentou 4,3%, mais 2,5 p.p. do que a economia nacional

Em 2019, último ano para o qual estão disponíveis dados detalhados da CST consistentes com os resultados finais das Contas Nacionais, o emprego nas atividades caraterísticas do turismo aumentou 4,3% face a 2018, fixando-se em 463.372 equivalentes a tempo completo (ETC) e representando 9,6% do total do emprego nacional. Este crescimento foi superior ao observado na economia nacional (1,8%).

Considerando exclusivamente a componente turística das atividades caraterísticas do turismo, esta correspondeu a 5,6% do total do emprego nacional (270 986 ETC).

As atividades caraterísticas do turismo que evidenciaram dinâmicas de crescimento de emprego mais acentuadas foram os transportes rodoviários (+14,1%), o desporto, recreação e lazer (+6,4%) e as agências de viagens, operadores turísticos e guias turísticos (+6,0%).

Cerca de 85% do emprego (ETC) nas atividades caraterísticas do turismo concentrou-se nos restaurantes e similares (49,5%), nos hotéis e similares (22,5%) e no transporte de passageiros (12,7%).

Em 2019, as remunerações nas atividades caraterísticas do turismo representaram 8,9% do total de remunerações da economia nacional. Considerando apenas a componente turística, o peso das remunerações correspondeu a 5,2% do total da economia nacional.

À semelhança do que se observou no emprego, o crescimento das remunerações das atividades caraterísticas do turismo (7,9%) foi superior ao observado na economia nacional (6,0%).

Os restaurantes e similares representou 41,4% do montante global das remunerações. Seguiram-se os transportes de passageiros (20,6%) e os hotéis e similares (19,4%).

Em 2019 a remuneração média por trabalhador nas atividades características do turismo foi inferior em 3,9% à média nacional, registando, no entanto, diferenças relevantes por atividade. Comparativamente à economia nacional, a remuneração média por trabalhador foi mais elevada nos transportes de passageiros (147,5%) e foi inferior à remuneração média nacional nos restaurantes e similares (77,2%) e nos hotéis e similares (91,4%).

3. Peso do CTTE (procura turística) no PIB foi mais elevado em Portugal do que noutros países europeus, em 2020

Considerando a informação disponível para o ano de 2020 para países europeus (dados provisórios ou preliminares), observou-se que Portugal foi o país que registou maior importância relativa da procura turística no PIB (8,4%).

Em termos de variação, verificou-se um decréscimo significativo da procura turística em 2020 em todos países europeus com informação disponível, oscilando entre -29,6% (Áustria) e -60,3% (Espanha). Em Portugal, a procura turística diminuiu 49,1%, face a 2019.

4. Em 2021, o consumo turístico teve um contributo total de 8,0% para o PIB

Aplicando o Sistema Integrado de Matrizes Simétricas Input-Output de 2017 aos principais resultados da CST, é possível determinar o impacto direto e indireto da atividade turística na economia nacional. Este sistema, respeitando um equilíbrio geral entre procura e oferta agregadas, representa as interconexões entre os ramos da atividade económica e permite apurar, mediante certas condições e hipóteses , o efeito da propagação das variações da procura turística aos diversos ramos de atividade.

Estima-se que, em 2021, o consumo turístico tenha tido um contributo total (direto e indireto) de 8,0% (16,8 mil milhões de euros) para o PIB e de 7,9% (14,4 mil milhões de euros) para o VAB da economia nacional.

O ano de 2020 foi marcado por uma forte contração da atividade económica, que se traduziu numa diminuição de 8,4% do PIB em volume. A redução da atividade turística terá contribuído com -5,6 p.p. para aquele resultado, o que corresponde a cerca de 2/3 da redução do PIB. Em 2021, o PIB aumentou 4,9%, em volume, com o turismo a contribuir com 1,8 p.p. para este resultado.

Note-se que os produtos que mais contribuem para o PIB turístico, como os serviços de alojamento, a restauração e similares, os transportes (especialmente os transportes aéreos) e os serviços de aluguer, foram os que mais sofreram os impactos económicos da pandemia COVID-19, o que se refletiu em reduções, em volume, entre 46,5% e 65,7% no PIB turístico gerado por estas atividades, em 2020.

Em 2021, os mesmos produtos observaram, em regra, crescimentos intensos (entre 14,4% e 59,1%) face ao ano anterior, à exceção dos serviços de aluguer, que continuaram a registar um decréscimo.