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Aeroportos europeus receberam perto de 2 mil milhões de passageiros em 2022
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Os aeroportos europeus receberem, em 2022, 1,94 mil milhões de passageiros, avançam os números divulgados pela Airports Council International (ACI) Europe, correspondendo a uma subida de 98% face ao ano anterior de 2021. Contudo, avança a entidade, este número fica ainda 21% abaixo do período pré-pandemia, indicando que somente 27% dos aeroportos europeus recuperaram totalmente o volume de passageiros de 2019.

Na região da União Europeia (UE), Espaço Económico Europeu (EEE), Reino Unido (RU) e Suíça, a ACI Europe revela que o volume de passageiros, em 2022, aumentou 122% face ao ano anterior, salientando que esta evolução “confirma o facto de as pessoas conseguirem viajar na Europa e pelo mundo”. A recuperação foi mais significativa em aeroportos cujos países registaram restrições mais apertadas em 2021, tendo o Reino Unido crescido 249%, a Irlanda +235% e a Finlândia (+187%).

Já em geografias como Albânia, Arménia, Bielorrússia, Israel, Cazaquistão, Moldávia, Montenegro, Sérvia, Turquia, entre outros, o crescimento foi relativamente moderado, tendo-se cifrado nos +26% face ao ano de 2021. Esta realidade deveu-se, fundamentalmente, ao “menor impacto da pandemia no tráfego aéreo em 2021, já que os governos desses países geralmente se abstiveram de impor o tipo de restrição de viagem que afetou o mercado da UE”, além da impacto da guerra na Ucrânia, com os aeroportos ucranianos a caírem 88,3%, perdendo todo o tráfego aéreo comercial em fevereiro de 2022, bem como os aeroportos russos que perderam o tráfego aéreo de/para o mercado da UE em particular.

Bloco europeu cai, com Portugal entre os menos impactados
No bloco UE, EEE, Reino Unido e Suíça, o aeroporto de Lisboa foi um dos que mais se aproximou dos números pré-pandémicos, ou seja, perto de uma recuperação total. Segundo os dados avançados pela ACI Europe, Portugal ficou a 5,8% do tráfego de 2019, enquanto a Grécia foi o país que mais próximo ficou (-1,9%) e o Luxemburgo a menos 6,9%.

Entre os principais países, a ACI Europe destaca o resultado dos aeroportos espanhóis (-11,4%), seguida de Itália (-17,9%) e França (-18,8%), enquanto os aeroportos do Reino Unido ficaram a 24,8% dos números de 2019 e a Alemanha a 34,9%. Os piores resultados foram registados na Eslovénia (-43,6%), Finlândia (-40,6%) e Eslováquia (-38,6%).

Na restante Europa, a expansão das companhias lowcost influenciaram os resultados em aeroportos da Albania (+55,7%), Kosovo (+26,1%), Bósnia (+20,4%) ou Arménia (+13,2%).

Entre outros grandes aeroportos e hubs secundários, o melhor desempenho de tráfego de passageiros, em 2022, em comparação com os níveis pré-pandêmicos 2019, veio de aeroportos que dependem predominantemente da procura por viagens de lazer com uma atividade significativa das companhias lowcost e exposição limitada ou inexistente à Ásia. Entre eles a ACI Europe aponta Lisboa (-9,3%), Palma de Mallorca (-3,9%), Paris-Orly (-8,4%), Atenas (-11,2%), Antália e Istambul Sabiha Gokcen (-13,2%), e Dublin (-14,7%).

Já entre os regionais, a ACI Europe destaca a performance do aeroporto do Funchal, registando uma subida de 20,8% face a 2019.

Istambul mantém liderança
Entre os maiores hubs, o aeroporto de Istambul foi o mais ativo, tendo recebido, em 2022, mais de 64,3 milhões de passageiros, correspondendo, contudo, a uma quebra de 6,2% face a 2019.

O aeroporto London Heathrow caiu 23,8% quando comparado com 2019, tendo recebido, em 2022, mais de 61,5 milhões de passageiros, embora tenha recuperado a posição de hub mais ativo a partir de novembro do ano passado.

O Aeroporto Paris Charles de Gaulle manteve o terceiro lugar, com 57,5 milhões de passageiros, correspondendo a uma quebra de 24,5% face a 2019, enquanto Amsterdão_Schiphol registou 52,5 milhões de passageiros, menos 26,8% em comparação com 2019.

Finalmente, o aeroporto de Madrid ultrapassou o de Frankfurt, com o aeroporto da capital espanhola a registar 50,6 milhões de passageiros (-18%) e o alemão 48,9 milhões de passageiros (-30,7%).

Globalmente, o tráfego de passageiros nestes cinco aeroportos de maior dimensão cresceu 114% face a 2021, mas manteve-se 22,6% abaixo dos valores de 2019, indicando a ACI Europe como razão principal “a manutenção das restrições às viagens nalguns países asiáticos, além da capacidade das próprias companhias aéreas”.

Para Olivier Jankovec, diretor-geral da ACI Europe, “o aumento no tráfego de passageiros no ano passado foi fenomenal. Começando no início da primavera, quando a maioria das restrições de viagem foram finalmente levantadas, cresceu durante o verão e permaneceu resiliente depois disso. Tudo isso apesar dos choques geopolíticos, da deterioração da macroeconomia, das tarifas aéreas em rápido aumento e da COVID ainda estar entre nós”. De qualquer forma Jankovec destaca que “2022 foi o ano em que finalmente aprendemos a viver e viajar com a COVID-19.”

Jankovec admite, no entanto, que “esta ainda não é uma recuperação completa. Os aeroportos da Europa ainda tinham menos 500 milhões de passageiros em 2022 em comparação com os números antes da pandemia”, apontando “lacunas significativas no desempenho do tráfego entre hubs e aeroportos regionais menores, bem como entre mercados nacionais”.

Olhando para o futuro, o diretor-geral da ACI Europe mantém-se “cautelosamente otimista”, indicando que “ainda há muita incerteza sobre 2023, até por causa das tensões geopolíticas e do facto de não haver fim à vista para a guerra na Ucrânia”.

No entanto, Jankovec frisa que “as perspectivas de tráfego estão a melhorar graças ao aumento da procura, reabertura da China, diminuição dos receios quanto a uma recessão na Europa e a inflação em decrescendo. Isso deve ajudar a reduzir as lacunas de tráfego atuais e aproximar mais aeroportos dos seus volumes pré-pandémicos”.

Contudo, Jankovec conclui que “é provável que as pressões da oferta permaneçam significativas, dadas as reduções estruturais de capacidade feitas pela maioria das companhias aéreas durante a pandemia, seu forte foco em aumentar os rendimentos por meio de tarifas aéreas mais altas, em vez de participação de mercado, atrasos na entrega de aeronaves e escassez de mão de obra a constituir ainda um problema nalguns mercados”.