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Rent-a-car somaram receitas recorde de 958 milhões de euros
DINHEIRO VIVO


Quando a pandemia paralisou o mundo, e o país, as rent-a-car viram-se com o negócio congelado, à semelhança de muitas outras empresas, durante dois anos. Sem clientes, não restou outra solução aos empresários senão a venda da frota parada para conseguirem assegurar a sobrevivência do negócio e reduzir os custos de manutenção. A normalidade regressou no ano passado, e a procura disparou, numa retoma sem aviso prévio que valeu às rent-a-car receitas históricas de 958 milhões de euros, uma subida de 54% face a 2019, revela a Associação dos Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor (ARAC) ao Dinheiro Vivo.

Com a frota depauperada, as empresas de aluguer de automóveis não conseguiram dar resposta a tamanha procura. À venda dos carros somaram-se ainda os constrangimentos com a carência de viaturas para venda no mercado, originada pela falta de semicondutores necessários à produção de automóveis.

Ou seja, no ano passado, existiram menos 32 mil carros para alugar no país, em comparação com 2019. Se, no ano pré-pandemia, o pico da frota das rent-a-car foi de 125 mil viaturas, em 2022, caiu para 93 mil. Ainda assim, a elevada procura, que cresceu à boleia dos bons números do turismo, levou à subida dos preços de aluguer que conduziram a esta receita histórica.

Falta de veículos vai continuar a ser problema
"A performance das empresas de rent-a-car em 2022 foi excelente, sendo que o seu desempenho foi dos melhores de sempre, à semelhança de outros setores do turismo. O crescimento exponencial da atividade turística em Portugal aumentou a procura por serviços de aluguer de veículos sem condutor, e, consequentemente, num aumento do peso do mercado turístico na generalidade das empresas de aluguer", detalha o secretário-geral da ARAC, Joaquim Robalo de Almeida.

O turismo de lazer e de negócios pesou 54% na atividade das empresas de rent-a-car. A restante operação fez-se com o segmento empresarial e o setor público a representarem 38% da operação, e tanto o mercado de viaturas de substituição como os individuais "não turismo" pesaram 4%, cada. Os ingleses, os franceses, os americanos e os alemães foram os principais clientes do setor.

O verão não tarda em chegar e, com a época alta à porta, a procura voltará a disparar. Mas os constrangimentos deverão manter-se e alugar um carro nos meses de férias não será tarefa fácil. "Qualquer região do país poderá vir a confrontar-se com a falta de veículos para alugar", antecipa o porta-voz da ARAC.

Em 2022, a Madeira, os Açores, Lisboa, o Porto e o Algarve foram as regiões mais afetadas pela falta de oferta de veículos. As empresas conseguiram ainda comprar 45 mil viaturas e a perspetiva é que, este ano, as aquisições cheguem às 51 mil, o que continuará a ser insuficiente para dar resposta.
"Em 2023, continuaremos a ter dificuldades na compra de novas viaturas, pelo que muitas empresas poderão recorrer à manutenção de veículos em frota por mais algum tempo e, paralelamente, proceder também à importação direta de veículos novos ou semi novos de outros países europeus", adianta Joaquim Robalo de Almeida.

Apoios do governo para uma mobilidade verde
Ainda assim, as perspetivas para os próximos meses são otimistas, com a cautela necessária face à inflação. "Estimamos um verão muito semelhante a 2022, embora possam surgir algumas nuvens negras provocadas pela subida dos juros, inflação e disponibilidade económica das famílias. Perspetiva-se igualmente a continuação da retoma pós-pandemia, estando esta, no entanto, dependente da recuperação do setor automóvel, nomeadamente da produção de novos veículos", adianta o responsável.

Em véspera da IV Convenção Nacional da ARAC, o secretário-geral pede ao governo apoios do fundo ambiental Mobilidade Sustentável à compra de viaturas elétricas e postos de carregamento. "Temos a convicção de que o rent-a-car será, neste século, o porta-estandarte da descarbonização da mobilidade automóvel e da racionalização do número de veículos em circulação", garante, adiantando que o objetivo da associação é que o setor possa oferecer serviços "em consonância com a transição digital e uma economia verde, tendo em atenção um turismo sustentável e uma mobilidade inteligente e amiga do ambiente".