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Pandemia gera mais de 10% das queixas nos transportes
Jornal Económico


A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) recebeu no segundo semestre do ano passado 8.139 reclamações dos utentes dos transportes públicos, o que eleva o número de queixas apresentadas ao longo de 2020 a 15.895. Destas, de acordo com dados do regulador, 2.115 (13% do total) dizem respeito à pandemia, tendo 990 sido apresentadas na primeira metade do ano e 1.125 na segunda.

Do primeiro para o segundo semestre, aumentaram as queixas relacionadas com a covid-19, a maior parte relativa a excesso de lotação dos veículos, falta de uso de máscara, pedidos de reembolso de títulos de transporte pelo cancelamento de serviços, baixa frequência dos transportes e não cumprimento de regras de higienização pelos operadores. Ainda no que respeita às reclamações relacionadas com o novo coronavírus, de acordo com o mais recente relatório da AMT, o setor rodoviário foi o principal alvo das queixas, que no segundo semestre somaram 638, representando 56,7% do total, seguindo-se o setor ferroviário, com 35,7%, e o fluvial, com 5,4%.

No conjunto de 2020 foram registadas e tratadas pelo regulador 15.895 reclamações de utentes dos transportes, menos 29% do que as 22.406 apresentadas em 2019. No relatório sobre as reclamações no ecossistema da mobilidade e dos transportes relativo ao segundo semestre, a entidade liderada por João Carvalho salienta que só nestes seis meses foram apresentadas, em média, 44 queixas por dia, o que representa um aumento de 4,9% (mais 383 queixas) face à primeira metade do ano passado, mas uma diminuição de 40,6% comparativamente com as 13.693 reportadas no período homólogo.

O setor rodoviário foi o que recebeu mais reclamações no segundo semestre, num total de 5.440, entre as quais 2.666 respeitantes ao transporte de passageiros, 1.156 ao aluguer de veículos, 860 a infraestruturas e 218 a táxis e transporte em veículos descaracterizados a partir de plataforma eletrónica (TVDE).

Olhando apenas para os operadores de transporte de passageiros, no segundo semestre de 2020 as queixas no rodoviário diminuíram, em termos homólogos, 43,6% (de 4.729 para 2.666), no ferroviário recuaram 49,4% (de 3.258 para 1.649) e no fluvial caíram 50,9% (de 422 para 207). A CP continua a ser o operador mais reclamado, embora no conjunto de 2020 as 3.024 queixas apresentadas representem uma diminuição de 31% face a 2019.

“Ainda que a situação pandémica tenha originado um acréscimo de reclamações sobre motivos específicos, como sejam, ‘o excesso de lotação de veículos’ ou ‘a falta de condições de segurança’, o facto de se terem verificado ajustamentos na oferta em função das variações na procura, resultou na existência de menos utilizadores, conduzindo a uma redução global nas reclamações”, diz a AMT.

Das 8.139 queixas tratadas pelo regulador nos últimos seis meses de 2020, 4.144 foram inscritas no livro de reclamações físico dos diversos operadores e prestadores de serviços, 3.322 no livro eletrónico e as restantes 673 feitas diretamente à AMT ou através de outras entidades. Segundo refere no relatório, aos operadores de transporte de passageiros chegaram ainda, por outras vias (sites, email ou call centers), outras 16.980 reclamações, que representam uma diminuição de 51,5% face às 34.996 do mesmo período de 2019.


16
RECLAMAÇÕES
Em 2020, os utentes dos transportes apresentaram quase 16 mil reclamações.