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Mudanças no ISV podem encarecer híbridos em quase 9 mil euros
Jornal de Negócios


A proposta do PAN, aprovada com votos do PS e BE, que restringe os benefícios fiscais para os veículos híbridos convencionais e para os híbridos plug-in (PHEV) vai fazer aumentar os preços de muitos destes veículos e as subidas podem ascender a vários milhares de euros.

Para beneficiarem dos descontos de 60% nas tabelas do Imposto Sobre Veículos (ISV), os híbridos convencionais passam a ter de apresentar uma autonomia em modo elétrico superior a 50 km e emissões inferiores a 50 gramas de CO2/km. Anteriormente não eram fixados quaisquer limites. Já nos plug-in, a autonomia exigida aumenta de 25 para 50 km e é introduzida a condição das emissões abaixo de 50g CO2/km.

Preços de venda podem aumentar mais de 11%

A simulação solicitada pelo Negócios à PricewaterhouseCoopers (PwC) mostra que nalguns veículos as novas regras traduzem-se num aumento de mais de 8.800 euros no preço final, o que representa uma subida de 11%.

Nos veículos analisados, um híbrido plug-in de gama alta com 2.995 centímetros cúbicos (cc) de cilindrada, uma autonomia de 47 quilómetros e emissões de 61 gramas de CO2 por quilómetro vê o preço final disparar de 77,5 mil para cerca de 86,4 mil euros.

11,4
SUBIDA NO PREÇO
Num dos exemplos analisados pela PwC, um híbrido plug-in de gama alta passará a custar mais 8.840 euros, uma subida de 11,4%.

Este aumento reflete o valor do ISV, que quadruplica, e também o do IVA, que incide sobre o preço após o ISV. São quase 7,2 mil euros a mais pagos em ISV e ainda cerca de 1.650 euros extra em IVA. A fatura final sobe em 8.840 euros, o que significa mais 11,4%.

Nos híbridos convencionais foram avaliados dois citadinos. Para estes veículos, o impacto no preço final é de 0,6% e de 3,3%, com o valor a pagar a subir 114 euros num caso e 607 no outro.

Setor recebe mal alteração e admite “fim dos híbridos”

Na quinta-feira, a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) criticou duramente as medidas, apontando uma inversão na estratégia de descarbonização e admitiu mesmo que o mercado dos híbridos em Portugal “poderá desaparecer”.

O secretário-geral da ACAP, Helder Pedro, tinha avançado ao Negócios que era um “rude golpe” para o setor e um ataque ao segmento que mais cresce.

A associação aponta ainda que as medidas contrariam a linha defendida pela Comissão Europeia de que a descarbonização passa pelos híbridos.

Nos primeiros 10 meses deste ano, foram vendidos mais de 8.600 híbridos convencionais, uma subida homóloga de 12%, e mais de 8.300 plug-in, um crescimento de 97%. Isto num ano em que os ligeiros de passageiros caem 37%. Os híbridos - convencionais e plug-in - representam 14,2% do mercado nacional.

Várias marcas serão particularmente afetadas por estas mudanças fiscais - a que se junta uma alteração à tributação autónoma em IRC destes veículos. A Lexus, por exemplo, apenas vende híbridos. Outras fabricantes onde estes veículos têm maior peso nas suas vendas em Portugal são a Suzuki, Toyota, Mazda, Volvo, Porsche, DS, Mercedes e BMW.

Híbridos de gama alta sofrem maiores penalizações
Simulação da PwC para veículos híbridos comparando a carga fiscal e o preço final no regime anterior e no novo

As novas regras são mais penalizadoras para os veículos híbridos de gama alta e de maior cilindrada, segundo a simulação da PricewaterhouseCoopers. Os automóveis mais caros e com autonomia elétrica inferior a 50 kms veem o preço sofrer uma subida de 5,8% e de 11,4%. A carga fiscal num híbrido plug-in de gama alta analisado sobe dos 21,8% este ano para 29,8%. O carro menos afetado nesta simulação, um citadino híbrido convencional, vê o seu preço aumentar 0,6%, ou 114,49 euros.