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Carlos Tavares: Stellantis protege empregos e confia que pode crescer com presidência de Biden
Jornal de Negócios



O ganho de escala obtido com a fusão entre a PSA e a Fiat Chrysler (FCA), que deu origem ao grupo Stellantis, funciona como "um escudo de proteção" do emprego, sublinhou esta terça-feira Carlos Tavares, CEO do novo gigante automóvel, numa conferência de imprensa digital.

Este ponto foi repetido por diversas vezes pelo gestor português, que considerou que "num mercado bastante competitivo e onde os regulamentos cada vez mais exigentes elevam os custos", a maior dimensão permite reduzir vários custos, aumentar a produtividade e manter os postos de trabalho.
Tavares lembrou que o compromisso assumido na fusão passa pelo não encerramento de fábricas, embora tenha admitido que a situação no Reino Unido poderá ser mais complexa, "mas sem ter nada a ver com a fusão". O CEO do novo grupo referia-se à intenção do Reino Unido de proibir a venda de veículos de combustão interna a partir de 2030.

Em vários países ou blocos as decisões políticas que criam mais barreiras levam a que os fabricantes ponderem se continua a ser viável manter as operações, disse, aludindo à recente decisão da Ford de encerrar três fábricas no Brasil.

"Há um limite a partir do qual temos de equacionar se faz sentido manter uma operação", frisou.

Fiat não receberá o "tratamento Opel"

Questionado sobre se a Fiat será alvo de uma intervenção semelhante à da Opel, com a redução de pessoal e descontinuação de alguns modelos, Carlos Tavares assegurou que a situação é bem diferente.

"A Opel tinha vários modelos que não cumpriam os limites de emissões e que tiveram de ser descontinuados. A Fiat não tem esse problema", salientou.

E, garantiu, a Stellantis não terá qualquer problema em cumprir os limites de emissões nos próximos três a cinco anos, mesmo após o final - daqui a dois anos - do acordo de compra de créditos de emissões celebrado entre a FCA e a Tesla.

Este ano, lembrou, o número de modelos eletrificados da Stellantis vai aumentar dos atuais 29 para 39.

Entrada da Peugeot nos EUA não está em cima da mesa, Biden pode ser uma ajuda

Sobre o mercado dos Estados Unidos, onde a PSA não tem presença, a aposta é "melhorar o desempenho das marcas já presentes e que são fortes", disse o gestor português.

Nesse sentido, para o curto prazo, não há quaisquer planos de introduzir novas marcas nesse mercado, nomeadamente a Peugeot.

Ainda sobre os EUA, Carlos Tavares considerou que "a nova administração Biden, provavelmente, terá um foco maior na questão das emissões". E isso, referiu, é algo que a Stellantis tem a tecnologia para enfrentar e poderá ser uma vantagem competitiva.

Ainda no continente americano, mas na América do Sul, o CEO do grupo disse não ver como a eletrificação poderá avançar no curto prazo nessa geografia. "Os veículos eletrificados são mais caros e não são acessíveis para o poder de compra nesses países", sintetizou.

Os "sister cars" são um ponto-chave e colaboração com Apple seria bem vinda

Um dos pontos-chave para a estratégia da Stellantis passa pelos chamados "sister cars", que partilham a mesma plataforma e o máximo de componentes.

Tavares realçou que os "sister cars" não deixam de ter a sua personalidade própria e apontou alguns exemplos de diferenciação já existentes na PSA. "O Opel Corsa e o Peugeot 208 são 'sister cars', mas para os clientes são automóveis muito diferentes", assinalou.

Já sobre uma eventual colaboração com a Apple, o gestor disse que "a colaboração com qualquer grande companhia tecnológica seria bem vinda". "Estamos disponíveis e, aliás, já colaboramos com a Waymo nos carros autónomos. Uma colaboração estratégia que resulte numa situação de ganhos mútuos (win-win) é sempre algo que nos interessa", rematou.