PRESS-RELEASE |
26-07-2022
A REVOLUÇÃO ELETRICA E O FUTURO DESCARBONIZADO

Os veículos automóveis elétricos vieram para ficar e estão provocando uma mudança nos hábitos dos condutores. A maioria destes têm um carregador ou ponto de recarga em casa e em muitos casos no parqueamento do escritório. A carga pode ser efetuada com recurso a uma app que pode ser programada a partir do telemóvel e assim utilizar as horas em que o custo de carregamento tem preços mais acessíveis.

A reforçar a necessidade de troca dos atuais veículos a combustão por veículos elétricos está a decisão da Comissão do Meio Ambiente do Parlamento Europeu, a qual aprovou o fim da venda de veículos movidos a combustíveis fosseis (gasolina e diesel) já a partir de 2035.

A implementação generalizada de veículos automóveis elétricos no nosso país não terá porém lugar até que exista uma infraestrutura nacional de carregadores de carga rápida eficaz e suficientemente disseminada por todo o território, a qual permita que as viagens em veículos elétricos não sejam uma aventura como sucede atualmente em que sabemos quando a iniciamos mas não sabemos quando chegamos ao destino no caso de este se encontrar a mais de trezentos quilómetros, que é a autonomia real média da maioria dos veículos elétricos neste momento.

Para que a mobilidade elétrica generalizada seja uma realidade muitas coisas terão de mudar.

Em primeiro lugar há que acelerar a instalação de pontos de recarga de veículos, que estes sejam mais rápidos, o que quer dizer mais potentes.

A realidade do nosso país, embora seja muito razoável perante o panorama europeu, pois temos atualmente em Portugal 322 pontos de recarga por cada milhão de habitantes (número que transmite claramente a necessidade de instalação de mais carregadores) face por exemplo á nossa vizinha Espanha que tem 245 pontos de carregamento por cada milhão de habitantes, encontra-se aquém dos países do norte e centro da Europa.

Os fabricantes de veículos têm vindo a fazer um grande esforço na colocação de cada vez maior número de veículos elétricos no mercado apesar da escassez de semicondutores, os quais são essenciais á construção de automóveis, nomeadamente os elétricos, tendo o parque automóvel de veículos elétricos e híbridos plug-in, os quais têm sido entendidos pelos especialistas como veículos de transição, pois o futuro será com veículos 100% elétricos.

Em Portugal os vários organismos envolvidos nos planos de eletrificação dos pontos de carregamento para abastecimento do parque automóvel nacional têm como objetivo cumprir as normativas da União Europeia.

Estamos perante um grande desafio de cumprimento difícil, a não ser que seja colocado em marcha um plano de “choque” que proceda á aceleração e elimine os atuais entraves na instalação de carregadores como seja a falta de potência nos ramais elétricos de abastecimento.

Uma das soluções passará pela instalação maciça de pontos de carregamento nas áreas de serviço das gasolineiras, embora nalgumas delas tal operação não seja fácil, pois será necessária potência elétrica suficiente, o que obrigará a modificar a rede elétrica, o que poderá não ser fácil. Somente com esta solução ou outras semelhantes se poderá acelerar o imprescindível processo de criação de uma boa rede de pontos de carregamento para veículos elétricos.

Na atividade de rent-a-car (setor que é desde o início do século XX uma mostra dos novos veículos de marcas e modelos que fazem as suas estreias, e que por via desta atividade, o público pode experimentar as últimas novidades do mundo automóvel), a frota de veículos elétricos é atualmente superior a um milhar de viaturas, com tendência para um rápido crescimento, perspetivando-se que a frota de rent-a-car possa integrar cerca de 40% do seu total (valores provisórios) de veículos elétricos nos próximos cinco anos, estando estes números dependentes de três fatores essenciais para o incremento de veículos elétricos:

1- Autonomia dos veículos

2- Número de postos de carregamento

3- Tempo de carregamento do veículo (atualmente cerca de 45 minutos para uma carga de 70% da bateria do veículo).

É muito importante para o cliente de rent-a-car, que aluga um veículo para deslocações imediatas, que o sistema de mobilidade que está a utilizar não comporte as limitações acima referidas. Por exemplo para um turista que pretende visitar vários locais do nosso país e está limitado a um período de permanência no país, não poderá estar limitado de forma drástica no que respeita ao abastecimento/carregamento do veículo, caso contrário o mesmo passará grande parte do tempo disponível a “carregar” o veículo.

Igualmente os profissionais que utilizam veículos automóveis no seu trabalho diário (sobretudo os que percorrem longas distâncias) não podem estar sujeitos às mencionadas limitações.

Estes parecem-nos á luz da situação atual os principais fatores a ter em atenção para um crescimento rápido do parque automóvel de veículos elétricos, pois outros também deverão ser tidos em conta como por exemplo o esforço financeiro das empresas e particulares para efetuar a troca dos atuais veículos a combustão para veículos elétricos.

Estamos certos de que o apoio dos Estados á aquisição de veículos elétricos irá ser fortemente incrementado, pois todos os países da União Europeia irão receber apoios destinados á descarbonização e á modernização dos seus parques automóveis para veículos de “emissões zero”, a instalação de infraestruturas de carregamento de veículos e também o aumento da digitalização dos mesmos com sistemas que otimizem a sua utilização, sendo obvio que Portugal irá receber apoios comunitários nesta matéria, pelo que entendemos que deverão entrar em vigor o mais breve possível novos apoios á aquisição de veículos elétricos e á sua utilização, devendo as empresas de rent-a-car ter apoios adequados nesta área, os quais poderão ser atribuídos através de incentivos financeiros aquando da aquisição, quer ainda por via fiscal, não esquecendo que a utilização de veículos de rent-a-car é seguramente o modo mais racional da utilização de veículos automóveis, pois a sua utilização é efetuada em função das necessidades das pessoas e empresas.

Cremos que as pessoas estão cada vez mais a adquirir cada uma maior consciência ambiental (nomeadamente os mais jovens).

No que respeita ao transporte de mercadorias, a utilização de veículos elétricos, é atualmente muito diminuta, limitando-se a pequenos veículos de distribuição. Estamos certos, no entanto que a eletrificação de veículos chegará aos veículos pesados de mercadorias, devendo aqui chamar-se a atenção para o facto de que os veículos de “emissões zero” não se limitarem apenas a veículos elétricos, pois também os veículos movidos a hidrogénio são veículos de “emissões zero” e como tal amigos do ambiente.

A este propósito não deveremos esquecer a aposta feita nos últimos dias por Portugal na produção de hidrogénio verde em substituição da energia produzida a partir de fontes energéticas “não limpas”.

Lisboa, 20 de julho de 2022

Joaquim Robalo de Almeida

ARAC