Notícias



Salário médio sobe 5,1%. Dispara nas empresas mais penalizadas pela pandemia
DINHEIRO VIVO


O salário médio bruto nacional, incluindo todos os subsídios e complementos, estava em junho a crescer 5,1% face ao mesmo mês de 2020, ficando nos 1395 euros, avança nesta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística.

A informação reunida pelo INE, com base nas remunerações declaradas de 4,2 milhões de trabalhadores à Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações, coloca também a média de salário-base bruto nos 1046 euros, crescendo 4,2%, e a média salarial que inclui complementos mas não subsídios de férias ou de Natal nos 1112 euros, aumentando 4,6%.

A evolução aponta no sentido de uma aceleração do crescimento salarial, que em março era de 3,1% para 1227 euros, no que toca a remuneração bruta total, mas num período em que a pandemia teve forte impacto nos salários. Desde logo, com forte desemprego entre os salários mais baixos - em sectores mais afetados pela pandemia, como o turismo -, o que contribuiu para elevar as médias. Mas também com o impacto do lay-off, que, neste ano, manteve intacto os valores de salário até 1995 euros, mas que em 2020, no período homólogo que compara com junho deste ano, implicava ainda cortes nas remunerações acima do salário mínimo.

"A dinâmica recente das remunerações médias no trimestre terminado em junho de 2021 foi influenciada pela diminuição significativa do recurso ao regime de lay-off simplificado pelas empresas e consequente recuperação salarial para os trabalhadores abrangidos", refere o destaque estatístico de hoje.

O INE aponta que em junho deste anos "apenas 2,9% do total de empresas tinham trabalhadores em regime de lay-off simplificado (16,7% março), abrangendo 4,0% do total de trabalhadores (32,9% em março)". Já há um ano, mais de um quarto das empresas nacionais tinha trabalhadores com cortes de horário e salários, com 48,9% do total de trabalhadores em lay-off.

Este facto surge sublinhado pelo INE como aquele que mais contribuiu para evolução da média salarial em junho. Em ocasiões anteriores, porém, a informação estatística tem feito notar que as maiores subida de média salarial veem associadas também à perda de emprego nos sectores restringidos pela situação sanitária, que afastou das estruturas salariais das empresas os trabalhadores com remunerações mais baixas.

Seja pelo fim dos cortes do lay-off, ou ainda pelo efeito de perda de emprego que se mantém em vários sectores, nos dados de junho o INE torna a notar que é nas empresas mais penalizadas que se verificam maiores subidas. Desde logo, em sectores como o alojamento e na restauração, onde a média salarial sobe 11,4%, e no pequeno tecido económico, também menos resistente nesta pandemia. Nas microempresas e PME, os ganhos da média salarial oscilam entre 7,6% e 8,1% em junho.

A nota estatística destaca que "o aumento na remuneração foi maior nas Atividades artísticas (13,6%) e de Alojamento, restauração e similares (11,4%) e nas e nas empresas de pequena e média dimensão - 1 a 4 trabalhadores (7,6%), 5 a 9 trabalhadores (7,8%), 10 a 19 trabalhadores (8,0%) e 20 a 49 trabalhadores (8,1%)". E conclui: "As empresas dos grupos acima referidos foram as que mais sofreram as consequências da pandemia COVID-19 em 2020".