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Marcelo quer uma clarificação dos partidos sobre a TAP nas eleições
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No congresso da APAVT, Presidente da República pediu uma decisão sobre o aeroporto de Lisboa em 2022. Agências de viagens reclamam a manutenção de ajudas até à Páscoa.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou esta quarta-feira em Aveiro para que os partidos clarifiquem as suas posições sobre a TAP e pediu ao novo Executivo uma decisão sobre o aeroporto de Lisboa no próximo ano.

Na sessão de abertura do 46.º congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagem e Turismo (APAVT), que decorre até sexta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que a formação do Governo e a viabilização do Orçamento do Estado serão "suficientemente rápidos" para que não haja perturbações na governabilidade do país.

O Presidente da República respondeu assim às preocupações levantadas logo no início da cerimónia pelo presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, que lembrou que o setor sofreu "perdas absolutamente violentas" nestes quase dois anos de pandemia e que esperava dos "políticos mais capacidade de entendimento" e "não a emergência de uma crise política".

"Estamos preocupados", porque "é urgente que se confirme o apoio à retoma até à Páscoa", sublinhou na sua intervenção Pedro Costa Ferreira. Como afirmou, "hoje é absolutamente visível que as empresas estão mais frágeis, logo muito mais necessitadas de apoio". O líder associativo lembrou ainda que o turismo necessita que se resolvam os problemas da plataforma aeroportuária, da ligação ferroviária de alta velocidade e o futuro da TAP.

O Presidente da República não deixou passar em branco estas preocupações e, no seu discurso, lembrou que há um aspeto positivo na convocação das eleições legislativas para 30 de janeiro, que é a possibilidade de os concorrentes clarificarem as suas posições sobre estas matérias.

Relativamente ao novo aeroporto de Lisboa, exortou a que se tome "uma decisão e tome-se em 2022", lembrando que "sonhar com um hub forte em Portugal implica apostar na TAP". Como frisou, "é muito importante que os concorrentes às eleições clarifiquem" o querem com a TAP, "para que não haja angústias metafísicas no decurso da legislatura".

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, aproveitou também a sua intervenção na sessão de abertura do congresso para apelar a uma decisão sobre o aeroporto. "Estar há 50 anos para decidir um novo aeroporto de Lisboa não é aceitável".

Francisco Calheiros expressou ainda dois desejos. O primeiro foi que a pandemia seja debelada rapidamente. Já o segundo é de que o futuro governo seja de "estabilidade", e que a "seguir à prioridade das finanças e à saúde, seja um governo da economia e das empresas". O líder associativo pediu ainda que o próximo governo reduza a carga fiscal e os custos de contexto às empresas. "Que tenha coragem e arrisque", disse.

Incertezas

O dia de abertura do congresso da APAVT contou ainda com a intervenção do antigo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, que destacou a existência de três fenómenos que irão impactar a Europa neste período de transição entre a pandemia e a endemia: inflação, juros e dívida. Na sua intervenção, sob o tema "Recuperação pós-covid: tendências globais, mundiais e nacionais", o antigo governante alertou que vamos ter que aprender a viver com inflação, que será passageira, mas mais longa do que inicialmente estimado e que esse fenómeno irá provocar um aumento dos juros entre 2,5 a 3% até 2024.

A somar, há ainda que enfrentar o problema das dívidas públicas acima dos 100% do PIB que, nesta crise sanitária, alastraram a mais países europeus do que no período da última recessão. Como recordou, dantes eram quatro e agora são sete. Para Paulo Portas, a recuperação económica do país deverá assentar na competitividade e na constância. "Nós precisamos de crescer constantemente, mas é com constância", lembrando que as políticas estão sempre a mudar.

O setor do turismo "só recuperará na fronteira de 2022 para 2023", apontou. Apesar disso, há algumas incertezas nesta fase de transição, nomeadamente o desconhecimento das novas variantes da covid, a duração da imunidade da vacina e o negacionismo. Para Paulo Portas, "as pessoas têm que ter um crivo para o que leem nas redes sociais". Como afirmou, "é absolutamente essencial acelerar a dose de reforço" da vacina e democratizar o seu acesso, que até agora está restrito a maiores de 65 anos.