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Alemanha caminha para nova recessão após contração "entre 0,5% e 1%" no final de 2021
Jornal de Negócios


Maior economia europeia e quarta maior do mundo registou uma contração "entre0,5% e 1,0%" no final de 2021, devido à escassez de componentes e à inflação. Retoma da Alemanha em 2021 pode ficar atrás de França, Espanha e Itália e contração pode manter-se no primeiro trimestre deste ano.
A Alemanha está a caminho de uma nova recessão provocada pela pandemia. Os dados divulgados esta sexta-feira pelo gabinete de estatísticas alemão indicam que a maior economia europeia e quarta maior do mundo registou uma contração entre0,5% e 1,0% no final de 2021, agravada pelas dificuldades na produção e pela inflação.

A estimativa inicial da Destatis indica que o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha encolheu nos últimos três meses de 2021, o que contraria a tendência de crescimento registada nos dois trimestres anteriores (entre1% e 2%). A contração já era esperada pelos analistas e foi agora confirmada pelo gabinete de estatísticas oficial.
O recuo terá sido provocado pela escassez de microchips na indústria automobilística (um dos principais motores da economia alemã) e pelo agravamento das restrições devido à variante ómicron, que penalizaram sobretudo os setores da hotelaria, restauração e do retalho. A juntar a isso, a subida da inflação, ao nível mais rápida das últimas três décadas, fez aumentar os custos da energia para as famílias e empresas.
Apesar da queda no último trimestre, o PIB alemão fechou 2021 com um crescimento de 2,7%, o que compara com a contração de 4,6% em 2020 devido à crise provocada pelo primeiro ano da pandemia. Ainda assim, a riqueza produzida na Alemanha está 2% abaixo dos valores registados no pré-pandemia.

A recuperação da Alemanha poderá também ficar atrás de outras economias europeias como França, Itália e Espanha, que se prevê que venha a revelar, nos próximos dias, crescimentos de 4,5% ou mais em 2021.

Contração deverá manter-se até março
Para este ano, vários economistas antecipam que a Alemanha deve continuar a contrair no primeiro trimestre deste ano, tendo em conta que aescassez de microchips, a subida da inflação e o aumento de novos casos de covid-19 se mantêm.

Andreas Scheuerle, economista da gestora de ativos Dekabank, vê a economia alemã a cair 0,8% entre janeiro e março, e só antecipa um regresso ao crescimento a partir do segundo trimestre.
"A covid-19 não deve ter um impacto tão grande no verão e, nesta altura, os preços da energia devem ter sido digeridos e os problemas na cadeia de abastecimento podem ter diminuído. Portanto, no segundo e terceiro trimestres, devemos ver um crescimento sólido", explica à Bloomberg.

Aline Schuiling, economista sénior do banco de investimentos ABN Amro, concorda que "a situação económica não parece estar a melhorar em 2022" na Alemanha. "Não vai demorar muito para o país entrar em recessão, mas se os receios em torno da ómicron diminuirem durante o primeiro trimestre, a queda no crescimento pode vir a ser um pouco menor do que no final de ano passado", sublinha.