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Lisboa. Moedas recusa consulta pública sobre avenida Almirante Reis, oposição insiste e fica tudo adiado
EXPRESSO


Parte da esquerda levava para a reunião extraordinária desta manhã uma proposta para uma consulta pública de, no mínimo, 45 dias, sobre o destino da ciclovia mais polémica da cidade. Moedas levou outra proposta, para que as obras avançassem. Como foi enviada esta manhã, oposição considerou que não havia condições para a votar. Ambas estão adiadas

A proposta para a realização de uma consulta pública às alterações na ciclovia da Avenida Almirante Reis foi adiada na reunião de Câmara Municipal de Lisboa desta manhã. A equipa de Carlos Moedas levou uma proposta alternativa à que estava agendada, assinada pelo Bloco, pelo Livre e pela vereadora independente Paula Marques, mas a oposição considerou que não havia condições de a votar, uma vez que os documentos e o texto da proposta foram enviados uns minutos depois do arranque da reunião. Conclusão:nem a proposta vinda da esquerda nem a de Carlos Moedas foram votadas.

A ciclovia da Almirante Reis, no centro de Lisboa, é uma das questões mais divisavas dentro do executivo e na própria cidade.Como o Expresso escreveu na edição impressa do fim de semana passado, parte da oposição a Moedas continua a pedir que se faça uma auscultação formal sobre as mudanças no passeio ciclável, que o executivo anunciou há cerca de dois meses. Para o equipa do autarca, essa auscultação está feita, após terem sido realizadas três sessões abertas ao público em Arroios e uma quarta no Fórum Lisboa, no início do ano.

A solução que Moedas apresenta neste vídeo é temporária — o autarca diz que a longo prazo o objetivo é “reperfilar” toda a avenida — e os testes para a implementação já arrancaram. Foi em parte por causa desses testes que o tema voltou à agenda mediática na semana passada.

A obra vai retirar a ciclovia de um dos lados da avenida (o sentido ascendente, de saída da cidade), passando a mesma a ser bidirecional no lado oposto. É uma solução próxima da primeira versão que a ciclovia teve, ainda no mandato de Fernando Medina, e continua a não gerar consensos.

Precisamente por isso, a esquerda insiste no tema, e não quer que Moedas avance sem outros pressupostos. A proposta que deveria ter sido votada esta manhã, aliás, além de uma consulta pública “não inferior a 45 dias”, pedia que a vereação da Mobilidade, liderada por Ângelo Pereira (PSD), tornasse públicos os documentos técnicos em que se baseou para mudar a ciclovia. Entre eles está o badalado estudo do LNEC, que ainda não foi apresentado e que, lê-se na proposta a que o Expresso teve acesso, “por várias vezes referiu em reunião de Câmara estar em curso sobre a versão atual da ciclovia e conforme prometido em campanha eleitoral pela coligação 'Novos Tempos'”.

Mais: “que o Projeto de Alteração à ciclovia da Av. Almirante Reis demonstre tecnicamente que a solução proposta é mais indicada do que a que está implementada atualmente.”

A proposta era assinada pelo Bloco, pelo Livre e por Paula Marques e a dúvida era de que lado se colocaria o PS. Aprovando a proposta, a esquerda não obrigaria Moedas a travar as obras, mas criaria um embaraço: avançar com mudanças numa altura em que haveria uma proposta aprovada na CML para uma audição pública. A dúvida vai manter-se, uma vez que não ficou agendada a reunião em que a proposta volta à mesa do executivo.

Do lado de Moedas, a ideia era ou tra. A proposta alternativa levada esta segunda-feira era de que as obras avançassem mesmo sem a consulta. “Propomos que a Câmara Municipal delibere dar continuidade à execução dos trabalhos em curso de acordo com o projeto de execução e cronograma anexos”, diz a redação da proposta, a que o Expresso acedeu. Em anexo, quatro documentos: uma apresentação em PowerPoint com dados de tráfego, ciclistas e acidentes na Avenida, um documento com a “monitorização ambiental” da Almirante Reis, um cronograma dos trabalhos, uma estimativa de custos e uma planta. Para uma parte da oposição à esquerda, mantém-se o problema: o projeto e os estudos, nomeadamente do LNEC, não estão lá.

Ambas as propostas terão de voltar a ser agendadas para votação.