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Governo promete apoios “em breve” contra perda de poder de compra
JORNAL DE NEGÓCIOS


O primeiro-ministro, António Costa, prometeu novas medidas em breve para atenuar a perda de poder de compra que decorre da subida da inflação, sublinhando que isso não implica revisões orçamentais.

“Iremos, em matéria de apoio extraordinário ao rendimento para fazer face a esta tensão inflacionista, adotar brevemente novas medidas sobre essa matéria”, prometeu ontem António Costa no programa “O Princípio da Incerteza”, que teve lugar na conferência CNN Portugal Summit.

Sem detalhar esses novos apoios, o chefe de Governo frisou que não será necessário alterar o Orçamento do Estado (OE) para 2022. “Como é que se pode pensar isso de um orçamento que foi aprovado na sexta?”, questionou o primeiro-ministro.

Recorde-se que o OE prevê mais de mil milhões de euros em apoios para atenuar o impacto da subida dos preços, sobretudo nos combustíveis, junto das famílias. Entre as medidas está a descida do ISP, mas também um apoio de 60 euros, pago uma vez, às famílias mais carenciadas. O Governo mostrou-se disponível para avançar com mais medidas caso isso se revelasse necessário.

Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para uma subida dos preços de 8% em maio, o valor mais alto desde 1993. Segundo o Banco de Portugal, que espera que a inflação fique nos 5,9% este ano, a subida abrupta da inflação está a erodir o salário médio real dos trabalhadores do setor privado, que deverão perder 1% do seu rendimento este ano.

Risco de crise financeira?

A incerteza dos efeitos da guerra na Ucrânia na economia foi sublinhada também pelo governador do Banco de Portugal, na mesma conferência. “O que temos de garantir é que esta crise económica que se desenha – como um risco – no horizonte não se transforme numa crise financeira”, avisou Mário Centeno.

Com a normalização da política monetária, o ex-ministro das Finanças alertou para o risco de fragmentação financeira entre países da Zona Euro, ou seja, de “as condições de financiamento não estarem disponíveis de forma igual para todos os setores e jurisdições”.

Apesar do “fantasma” da crise das dívidas soberanas de 2008, o ex-ministro das Finanças defendeu que hoje “há condições para lidar com esses riscos de forma muito melhor do que antes”. Exemplo disso é o mecanismo antifragmentação, prometido na semana passada pelo Banco Central Europeu (BCE). Sem adiantar detalhes ou datas para a entrada em vigor do mecanismo, Mário Centeno disse que o objetivo é “introduzir no mercado disciplina sempre que os diferenciais [dos juros da dívida face à alemã] excedam valores que estão além dos fundamentos económicos”. Segundo Centeno, este “novo seguro” só será usado em caso de necessidade.