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Maioria dos europeus planeia viajar antes de agosto para evitar multidões e preços altos
JORNAL DE NEGÓCIOS


Sete em cada dez europeus planeiam viajar entre abril e setembro, mas menos em lazer e mais em negócios comparando com o ano passado, revela uma pesquisa levada cabo pela Comissão Europeia do Turismo (ETC, na sigla inglesa).

Embora o lazer figure como a principal razão (69%) verifica-se uma diminuição de 7% das intenções de viagem com esta finalidade, o que sugere uma potencial desaceleração das deslocações de "desforra" do pós-pandemia. Em contrapartida, as viagens de negócios registaram um aumento anual de 3%, representando 8% do total.
O aumento do preços devido à inflação, a guerra na Ucrânia e os receios relativamente a condições climáticas extremas jogam um papel importante nas escolhas de viagens dos europeus para a primavera/verão de 2023, de acordo com o estudo de monitorização do sentimento para viagens domésticas e europeias, divulgado, esta quinta-feira, pela ETC.
"Estamos entusiasmados em ver que, apesar das preocupações financeiras e com custos de viagem mais elevados, os europeus mantêm a vontade de viajar. É também encorajador testemunhar que mais viajantes optam por viajar fora do pico do verão para evitar superlotação e preços altos",afirmou o presidente da ETC, Luís Araújo, citado num comunicado enviado às redações.

"Esta tendência positiva apoia a gestão sustentável do destino ao espalhar os fluxos de turistas de forma mais uniforme. Aconselhamos os destinos e as empresas a seguirem esta tendência no sentido de irem ao encontro das necessidades dos viajantes", reforçou o também presidente do Turismo de Portugal.

Este ano, mais europeus planeiam "escapadinhas" pela primavera e no início do verão, com 40% dos inquiridos a considerarem viajar durante junho e julho e, por contraste, apenas 23% a pensar fazê-lo em agosto e setembro, uma queda de 9% face ao ano passado. Esta mudança nos padrões de viagens sazonais podem refletir um desejo crescente de evitar multidões e ondas de calor, refere a ETC.
Além disso, os dados mostram também a intenção dos europeus de embarcarem em múltiplas viagens entre abril e setembro, com 59% dos inquiridos a indicar que planeia fazer mais do que uma viagem nos próximos meses: 35% pretende fazer duas e outros 24% três ou mais. Já cingidos a uma viagem apenas nesse período estarão 31% dos entrevistados.

Os crescentes custos das viagens mantêm-se como a principal preocupação (23%), a par com as finanças pessoais (17%), o que, segundo o mesmo organismo, pode explicarpor que razão 51% dos europeus já fizeram parcial ou totalmente as suas reservas para a próxima viagem - mais 8% do que no ano passado - na tentativa de garantirem preços mais acessíveis.

Condições meteorológicos agradáveis (18%) são o principal fator na hora de escolher um destino, seguindo-se as ofertas atrativas (17%) e a falta de multidões (11%). E, refletindo o aumento de padrões climáticos imprevisíveis, 7% dos viajantes europeus citou também eventos extremos como uma preocupaçãode relevo.
A guerra na Ucrânia é outro dos receios (12%) predominantemente entre os entrevistados suíços, polacos, austríacos, italianos e holandeses, com a ETC a assinalar, aliás, que o conflito, mais de um ano depois, ainda impacta as decisões de viagem de metade dos europeus.

Embora os viajantes estejam dispostos a abdicar de certas datas para poupar, dos dados extrai-se a conclusão de que não estão dispostos, no entanto, a sacrificar a duração das férias. Os números mantiveram-se estáveis, com as deslocações de quatro a seis noites a serem as mais comuns entre os europeus (35%). Já outros 22% contam fazer uma viagem de mais de dez noites.

Em resposta ao aumento dos preços, 37% dos europeus está agora a alocar orçamentos maiores, superiores a 1.500 euros por viagem - um aumento de 7% face a 2022, com 19% dos viajantes a esperar, aliás, gastar mais nas próximas viagens do que habitualmente.

França (8,2%) e Espanha (7,6%) são os destinos de eleição. Segue-se a Itália (7,4%) Grécia (5,6%) e Alemanha (4,7%), Croácia (4,5%) e Portugal (4,3%, num top 10 que conta ainda com Áustria (3,8%) e Bélgica e Reino Unido (ambos com 3,1%), de acordo com o estudo que conta com uma amostra de 4.889 entrevistados em dez países.