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Novo Governo dos Açores deve “seguir uma certa linha de continuidade” no turismo, defende Luís Rego
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Em conversa com o Turisver, na FITUR, o diretor do Grupo Ilha Verde defendeu que o Governo que sairá das próximas eleições regionais não deve deitar fora o trabalho que tem sido feito no turismo e no transporte aéreo, essencial ao desenvolvimento turístico da região. O mercado espanhol e o balanço do ano de 2023 para a Ilha Verde foram outros temas abordados com Luís Rego.

O mercado espanhol já tem algum peso nos Açores?

Sim, o mercado espanhol tem vindo a desenvolver-se e a crescer na região, comparativamente a anos anteriores. Isso deve-se ao trabalho que tem vindo a ser feito pela região no mercado espanhol, bem como à captação de novas rotas e de novas companhias, nomeadamente no que se refere à Iberia e também à SATA. O mercado espanhol era muito sazonal e hoje opera todo o ano.

E opera para que ilhas?

Essencialmente para São Miguel, mas depois há a distribuição natural por outras ilhas porque há muitos espanhóis com interesse em visitar outras ilhas que não apenas São Miguel.

Estamos a falar na FITUR, onde este ano Portugal tem uma imagem diferente e mais alargado, quase duplicando o espaço ocupado pelo stand. O que é que lhe parece este novo posicionamento de Portugal aqui na feira?

Penso que tem impacto, aliás eu senti isso quando aqui cheguei. Há uma maior dimensão não apenas do próprio stand como de notoriedade algumas regiões e isso dá uma maior dinâmica e uma maior dimensão e através delas consegue-se divulgar uma imagem mais real daquilo que é o nosso país.

Falemos agora dos Açores que estão neste momento em plena campanha eleitoral. A promoção turística, o trabalho de desenvolvimento que estava a ser feito em prol do turismo na região, tudo isso parou ou continuar apesar deste momento de instabilidade política?

O que sentimos é que esse trabalho continua, a promoção turística continua. Há todo um trabalho assumido pelo Governo e pela ATA e pelo que verifico nada parou. A nossa diretora Regional de Turismo está aqui presente na feira, a promoção continua, o governo ainda está em gestão… É evidente que a atividade do turismo gere-se sempre com um ano de antecedência e tudo o que são planos de desenvolvimento e de promoção turística é feito com alguma antecedência.

Claro que há aqui um dado novo, não sabemos o que vai resultar das eleições, quem é que vai governar, que governo vamos ter e, eventualmente, o novo governo pode trazer novas ideias e metas mas penso que no que toca ao turismo devia seguir-se uma certa linha de continuidade, desenvolver e promover cada vez mais a região.

Há um alinhamento que eu penso que é obrigatório – tenho vindo a defender isto já há algum tempo – e que tem a ver com os transportes. Não há desenvolvimento turístico nos Açores sem uma política adequada ao nível do transporte aéreo, por isso é importantíssimo manter e crescer no transporte aéreo, na captação de novas rotas e de novas companhias aéreas, apostar numa maior dinâmica da nossa companhia de voos internos, a SATA Air Açores que tem feito um trabalho muito importante. Sublinho que a SATA tem dado o exemplo na abertura de novas rotas, caso do Algarve e também do mercado espanhol. Resumindo, há todo um trabalho que tem sido desenvolvido e que não pode ser deitado fora, há uma estratégia montada que é a que serve os Açores e que deve ser continuada.

Penso que qualquer que seja o governo que saia das eleições, não vai alterar isto radicalmente sob pena de os investimentos já realizados e outros futuros irem por água abaixo.

Faturação da Ilha Verde ultrapassou 2019 mas pelo aumento de preços

Como é que foi o ano de 2023 para a Ilha Verde? E quais são as expectativas para este ano?

Podemos considerar que 2023 foi um ano bom face ao ano passado, consolidámos os nossos resultados e até conseguimos crescer um pouco mas não de forma muito significativa. Estamos perto de 2019 em termos de reservas e estamos um bocadinho acima em faturação mas porque os preços subiram – subiram por necessidade, porque os custos também aumentaram.

Vivemos a reta final do ano passado com grande expectativa porque para a hotelaria o último trimestre do ano foi bom mas para nós, setor do rent-a-car, não foi tão bom e quanto ao primeiro trimestre de 2024 estamos também expectantes. Não estou muito otimista na medida em que a falta da Ryanair está a fazer-se sentir e está a ser penalizadora, não só no sector do aluguer de automóveis mas também para os outros sectores. Não se tratou apenas da redução da operação da Ryanair mas também de não haver alternativas – e sabemos que num curto espaço de tempo não é fácil arranjá-las. Para além disto, até a escolha dos dias de operação não foi feliz porque dificulta muito os short-breaks, segmento em que a região estava a crescer. Com a operação que está a ser feita não dá a possibilidade de fazer um short break de quinta ou sexta-feira a domingo ou de sexta a segunda.

Para 2024 a expectativa é que seja um ano de continuidade daquilo que tivemos o ano passado, embora com a agravante de estarmos a arrancar abaixo dos níveis de 2022.